As estatísticas mundiais acusam uma prevalência média entre 1 e 2 indivíduos com fissura de lábio e ou palato para cada 1000 nascimentos. No Brasil, aceita-se que a incidência de fissuras lábio palatais (FLP) gira em torno de 1:6501. Este foi o resultado de um levantamento epidemiológico realizado na cidade de Bauru no ano de 1968, onde logo depois se implantou o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, da Universidade de São Paulo (HRAC-USP) – maior hospital especializado no tratamento de fissuras lábio-palatais da América Latina.
Essas malformações são estabelecidas precocemente na vida intra-uterina, durante o período embrionário, aproximadamente entre a 3ª e 12ª semanas do embrião.
Dados do IBGE demonstram o número de crianças nascidas em todo o Brasil durante o ano de 2017, conforme observamos no gráfico abaixo:
Diante de uma população nascidos vivos, em 2017, segundo o lugar do registro, podemos estimar o número de casos novos de crianças com fissura lábio palatina, tomando-se a proporção anteriormente descrita de 1 à cada 650 nascimentos.
Ano 2017 |
Região | Total Nascimentos | Fissuras |
Norte | 288.946 | 444.53 | |
Nordeste | 799.166 | 1229.48 | |
Sudeste | 1.145.937 | 1762.98 | |
Sul | 397.466 | 611.48 | |
Centro-Oeste | 242.951 | 373.77 | |
TOTAL | 2.874.466 | 4422.25 |
*Cálculo do número de nascidos com fissura: 1 bebê com fissura à cada 650 nascimentos (Nagem Filho H, Moraes N, Rocha RGF. Contribuição para o estudo da prevalência das más formações congênitas lábio-palatais na população escolar de Bauru. Rev Fac Odonto S Paulo 1968; 6: 111-28.)
Os números deixam claro, a fissura de lábio e palato é um problema de saúde pública, exigindo equipes multidisciplinares (odontologia, medicina, fonoaudiologia, nutrição, etc) para a adequada reabilitação dos defeitos congênitos faciais.
A ortodontia, exerce papel de relevância em diversas fases do tratamento, sendo fundamental para a correção das alterações oclusais decorrentes do defeito ósseo alveolar quando existente, assim como no preparo ortodôntico dos casos onde o crescimento foi desfavorável, necessitando para tal uma cirurgia Ortognática para a normalização da relação oclusal.
Face a essa realidade, e após mais de uma década envolvidos no tratamento ortodôntico de pacientes com fissuras lábio palatinas e participação na formação de alunos matriculados no programa de residência em Ortodontia do HRAC, surge entre amigos de trabalho (Adriano, Rogério e Tiago) e jornada de vida, um ideal: “Organizar através de um formato condensado e consecutivo, uma base teórica e laboratorial que permita aos profissionais dedicados a arte da Ortodontia um melhor entendimento das alterações dentárias decorrentes da presença da fissura lábio palatina, possibilitando a atuação ortodôntica tão necessária e fundamental na reabilitação, um dos pilares que regem o tratamento de pacientes com FLP.”